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“Seja” ou “Seje”: O Mistério da Palavra Certa

A língua portuguesa guarda seus mistérios. Em meio a tantas regras, variações e exceções, algumas palavras parecem desafiar até os mais atentos. Entre essas incertezas, uma dúvida comum surge frequentemente: afinal, o certo é “seja” ou “seje”?

Essa questão pode parecer simples, mas esconde um fenômeno interessante. Mesmo sem perceber, muitas pessoas pronunciam “seje” em vez de “seja”, e o erro se espalha como se fosse uma forma válida. Mas por que isso acontece? Existe alguma lógica por trás dessa troca? Ou será apenas mais um dos muitos deslizes da língua falada?

Para descobrir a resposta, precisamos mergulhar na estrutura do português e entender como as palavras se formam, se transformam e, às vezes, confundem até os falantes mais experientes.


O que a gramática nos diz?

A dúvida entre “seja” e “seje” tem uma resposta clara dentro das regras gramaticais. A única forma correta é “seja”. A palavra faz parte do presente do subjuntivo do verbo “ser”, um dos verbos mais irregulares da língua portuguesa.

Mas se “seja” é a única forma correta, de onde surgiu “seje”? A resposta está na oralidade e na tendência natural das pessoas de simplificarem a linguagem.

O português falado sofre constantes adaptações ao longo do tempo. Muitas vezes, palavras surgem espontaneamente no cotidiano e se popularizam, mesmo sem o respaldo das normas gramaticais. “Seje” é um desses casos. Ele nunca foi registrado como correto, mas ainda assim aparece na fala de muitas pessoas.


O fenômeno da hipercorreção / “Seja” ou “Seje”

Um dos motivos que levam à criação de formas como “seje” é um fenômeno linguístico conhecido como hipercorreção. Isso acontece quando alguém tenta falar de maneira mais formal, mas acaba aplicando uma regra de forma equivocada.

No português, os verbos da segunda e terceira conjugação no presente do subjuntivo frequentemente terminam em “-e”. Por exemplo:

  • “Fazer” → “faça”
  • “Dizer” → “diga”
  • “Poder” → “possa”

Seguindo esse padrão, muitas pessoas acreditam que o verbo “ser” deveria ter a mesma terminação, resultando na criação do inexistente “seje”.

Mas a gramática é cheia de surpresas. O verbo “ser” não segue essa lógica e mantém sua forma irregular: “seja”.


A influência da linguagem falada / “Seja” ou “Seje”

A língua falada nem sempre segue as mesmas regras da escrita. Ao longo dos séculos, novas palavras e expressões surgiram da oralidade e, em alguns casos, acabaram sendo incorporadas à norma culta.

Entretanto, “seje” nunca conseguiu essa aceitação. Apesar de ser uma forma bastante utilizada em contextos informais, especialmente em algumas regiões do Brasil, seu uso é considerado incorreto na norma-padrão.

Curiosamente, esse fenômeno acontece com outras palavras. Expressões como “menas” (no lugar de “menos”) e “a gente fomos” (em vez de “a gente foi”) também são fruto da fala espontânea, mas continuam fora das regras gramaticais aceitas.

O uso de “seje” se espalhou tanto que, para muitas pessoas, soa natural. Mas, por mais comum que pareça, ele não é reconhecido como correto nos dicionários ou manuais de gramática.


Por que “seje” não é aceito?

A língua portuguesa possui uma estrutura que se baseia na tradição e na evolução das palavras ao longo dos séculos. “Seja” ou “Seje”. Embora a oralidade traga mudanças, nem todas as formas faladas se tornam gramaticalmente aceitas.

“Seja” faz parte de um sistema verbal consolidado. Ele segue o padrão irregular do verbo “ser”, que já existia no latim e manteve suas particularidades na formação do subjuntivo em português.

Por isso, a substituição por “seje” não faz sentido dentro das regras estruturadas da língua. Ainda que muitas palavras tenham mudado ao longo do tempo, algumas resistem exatamente porque mantêm a coerência com suas origens.


A importância de falar corretamente

No dia a dia, o uso da língua varia de acordo com o contexto. Em conversas informais, pequenos desvios da norma-padrão podem passar despercebidos. “Seja” ou “Seje”. Mas em ambientes acadêmicos, profissionais ou formais, a escolha das palavras faz toda a diferença.

Imagine um estudante prestando vestibular, um profissional em uma entrevista de emprego ou um palestrante discursando para um grande público. Em situações como essas, falar corretamente transmite credibilidade e demonstra domínio do idioma.

Por isso, mesmo que “seje” apareça na fala de muitas pessoas, o ideal é sempre usar a forma correta: “seja”.


O que a língua nos ensina sobre mudanças?

A dúvida entre “seja” e “seje” revela algo maior do que um simples erro gramatical. Ela mostra como a língua está em constante transformação.

Palavras surgem, mudam e, algumas vezes, entram para o vocabulário oficial. Outras, no entanto, permanecem restritas ao uso coloquial e nunca chegam a ser aceitas pela norma culta.

A história do português está repleta de exemplos de palavras que, um dia, foram consideradas erradas e depois se tornaram aceitas. Será que o mesmo poderia acontecer com “seje” no futuro?

Provavelmente não. Algumas palavras podem mudar, mas a base gramatical dos verbos irregulares, como “ser”, dificilmente será alterada.


Como evitar esse erro?

Para garantir o uso correto da forma “seja”, algumas dicas podem ajudar:

  • Leia mais: A leitura de textos formais ajuda a fixar a grafia correta das palavras e a evitar erros comuns.
  • Preste atenção à conjugação: Sempre que tiver dúvida, consulte uma tabela de conjugação verbal para reforçar o aprendizado.
  • Ouça a língua em diferentes contextos: Programas de rádio, podcasts e entrevistas costumam seguir a norma culta, ajudando a internalizar o uso correto da língua.
  • Pratique a escrita: Quanto mais você escreve corretamente, mais natural se torna o uso da forma certa.

A língua portuguesa pode ser complexa, mas com atenção e prática, os erros mais comuns podem ser evitados, “Seja” ou “Seje”.


Conclusão

O debate entre “seja” e “seje” pode parecer um detalhe, mas esconde um fenômeno linguístico interessante. Ele mostra como a oralidade influencia a escrita e como alguns erros se popularizam mesmo sem respaldo gramatical.

Embora muitas pessoas usem “seje” no cotidiano, a única forma correta continua sendo “seja”. Esse é um daqueles casos em que a tradição da língua se mantém firme, resistindo às mudanças informais.

A língua está sempre evoluindo, mas algumas regras permanecem. E, entre “seja” e “seje”, a escolha certa nunca muda.

Agora que esse mistério foi desvendado, fica a pergunta: quantas outras palavras do nosso dia a dia carregam histórias e regras ocultas que ainda não percebemos?


Links de saída confiáveis

  1. Guia do Estudante – Seja ou seje? Qual é o certo?
  2. Academia Brasileira de Letras – Gramática e uso da língua portuguesa
  3. Priberam – Conjugação do verbo “ser”
  4. Gramática Online – Erros mais comuns na língua portuguesa
  5. SciELO – Estudos sobre variação linguística no Brasil
  6. Unesp – Como a oralidade influencia a escrita

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