Governo lança 2ª Estratégia Brasileira de Educação Midiática e ganha destaque na Global MIL Week da UNESCO

O Governo Federal anunciou o lançamento da 2ª Estratégia Brasileira de Educação Midiática, ampliando o alcance de políticas públicas voltadas à formação de professores, ao combate à desinformação e à construção de um ambiente digital mais democrático. O anúncio ocorreu durante a Global Media and Information Literacy Week 2025 (Global MIL Week), evento mundial da UNESCO, realizado em Cartagena, na Colômbia, entre os dias 22 e 25 de outubro.

A delegação brasileira apresentou os avanços conquistados desde a primeira edição da Estratégia, lançada em 2023, destacando o papel do país como referência regional em educação midiática e cidadania digital. Representando a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), o secretário de Políticas Digitais, João Brant, participou da mesa de encerramento da conferência ao lado de representantes da Colômbia e da UNESCO.

Segundo Brant, o novo plano aprofunda o compromisso do Brasil com a democratização da informação:

“A educação midiática é essencial para fortalecer a democracia. Quando as pessoas têm ferramentas para compreender e participar criticamente do ambiente informacional, o debate público se torna mais justo e plural. Essa nova Estratégia reforça esse compromisso com uma sociedade que valoriza o diálogo e enfrenta a desinformação de forma coletiva.”

Aprofundamento da política nacional

Coordenada pela Secom desde 2023, a Estratégia Brasileira de Educação Midiática reúne eixos de ação interministeriais, em parceria com o Ministério da Educação (MEC) e a UNESCO, para promover a inclusão digital crítica e o uso responsável da informação nas escolas.

A segunda edição, lançada oficialmente em Cartagena, apresenta instrumentos práticos para a implementação da política, estabelecendo metas claras e mecanismos de acompanhamento. Entre as principais inovações estão:

Inserção do tema no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), garantindo que a educação midiática faça parte dos conteúdos escolares distribuídos em todo o Brasil; Criação da coleção de cursos AVAMEC, com 80 cursos gratuitos e mais de 340 mil certificações emitidas, consolidando o maior programa de formação em educação midiática da América Latina; Publicação das diretrizes nacionais do Conselho Nacional de Educação (CNE) sobre o uso de dispositivos digitais e integração curricular do tema, prevendo que todas as escolas brasileiras incluam a educação midiática em seus currículos até 2026; Ampliação da cooperação internacional com países como França, Dinamarca e Finlândia, além da integração à Rede Latino-Americana de Cidadania Digital da UNESCO; Participação na Iniciativa Global para a Integridade da Informação sobre Mudanças Climáticas, em parceria com a ONU e a UNESCO, fortalecendo o papel do Brasil no combate à desinformação ambiental.

O Brasil como referência internacional

Durante a Global MIL Week 2025, o Brasil apresentou experiências que vêm sendo reconhecidas por organismos internacionais. Um dos destaques foi o projeto MídiaCOP, desenvolvido em cooperação com o Centro de Educação Midiática da França (CLEMI), que capacitou professores da região Norte para orientar estudantes na cobertura crítica da COP30.

A proposta, que alia educação midiática e sustentabilidade, foi considerada um modelo inovador e inspirou a assinatura de uma nova fase da parceria com o governo francês, estendendo a formação docente a todos os estados brasileiros a partir de 2026.

“A cooperação internacional mostra que enfrentar a desinformação exige redes de confiança e conhecimento compartilhado. O diálogo entre Brasil e França, com apoio da UNESCO, é um exemplo de como fortalecer a educação e a democracia em conjunto”, destacou Brant.

Outro painel contou com representantes do Instituto Palavra Aberta, da Secretaria de Comunicação de Alagoas, da Secretaria de Educação da Bahia e do CEIBAL, órgão do Ministério da Educação do Uruguai, que coopera com o Brasil na criação de currículos de cidadania digital e uso crítico da mídia.

Cidadania digital e democracia

Um dos pilares da nova Estratégia é o fortalecimento da cidadania digital — conceito que abrange a capacidade de cidadãos compreenderem, interagirem e criarem conteúdo no ambiente digital de forma ética, crítica e responsável.

De acordo com Brant, a cidadania digital está diretamente ligada à preservação da democracia:

“Não há democracia forte sem um ambiente informacional plural e confiável. É preciso formar cidadãos capazes de reconhecer manipulações, identificar fontes seguras e participar do debate público com autonomia e consciência.”

O secretário ressaltou ainda que a inclusão da educação midiática no currículo escolar é um marco histórico. A partir de 2026, estados e municípios deverão garantir o ensino do tema em todas as etapas da educação básica, conforme orientação do CNE.

Semana Brasileira de Educação Midiática (SBEM 2025)

Como parte das ações nacionais, o governo realiza de 28 a 31 de outubro a 3ª Semana Brasileira de Educação Midiática (SBEM), com o tema “Mobilizar uma geração para a cidadania digital”.

O evento, organizado pela Secom e pelo MEC, com apoio da UNESCO, contará com atividades presenciais em Brasília, transmissões on-line e mobilizações em escolas e universidades de todos os estados.

Durante a semana, serão apresentados cases de secretarias estaduais e municipais de educação, o lançamento oficial da 2ª Estratégia, além da divulgação dos resultados da pesquisa TIC Educação 2025, conduzida pelo Cetic.br.

Brant destacou a importância do evento:

“A Semana Brasileira de Educação Midiática é um espaço de troca e mobilização. Ela permite que escolas, professores e alunos de todo o país debatam o papel da mídia na sociedade e compartilhem boas práticas.”

O secretário também mencionou que o Brasil hoje lidera na América Latina iniciativas estruturadas de formação docente em larga escala, com foco em ética digital, pensamento crítico e combate à desinformação.

Desafios e perspectivas

Apesar dos avanços, a Secom reconhece que ainda há desafios importantes. Entre eles, a formação contínua de educadores, a inclusão digital em regiões de difícil acesso e a ampliação do acesso à internet de qualidade nas escolas públicas.

O MEC anunciou que novas parcerias estão sendo estruturadas com institutos federais, universidades e organizações civis para ampliar o alcance dos cursos de formação e monitorar os resultados das políticas de alfabetização midiática.

De acordo com especialistas presentes no evento da UNESCO, o Brasil é hoje um dos países mais avançados na implementação de políticas públicas de educação midiática em escala nacional, servindo como referência para toda a América Latina.

Saiba Mais

Secretaria de Comunicação Social (Secom)
Ministério da Educação (MEC)
UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação
Plataforma AVAMEC
Semana Brasileira de Educação Midiática (SBEM)
Pesquisa TIC Educação – Cetic.br